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segunda-feira, 15 de abril de 2024

ESTADO DE RISADA MOMENTÂNEO


Com bom tempo, mas contra ventos e marés, e até os ressabiados pela derrota a 10 de Março, Luís Montenegro superou a prova parlamentar da apresentação do programa do XXIV governo constitucional.

Obviamente, e apesar de toda a verborreia parlamentar, André Ventura e Pedro Nuno Santos não permitiram que as moções de rejeição colocassem em risco a estabilidade.

Nem mesmo as buscas da PJ à Câmara de Cascais, esperadas há muito tempo, fizeram vacilar, por ora, o governo em plenas funções.

Com o Executivo a realizar lestamente as medidas prometidas, como as negociações com os profissionais abandonados por António Costa, bem como a conta corrente do Fisco com as empresas, a normalidade regressou.

Dito isto, com o estado de graça firme, importa sublinhar o estado de risada momentâneo.

Subitamente, Pedro Nuno Santos, e os seus pares à esquerda, descobriram que tinham sido enganados em relação à descida em sede de IRS.

Sejamos claros: se o PS o tivesse denunciado, em campanha eleitoral, não poderia ter agitado o papão do “choque fiscal”, amplamente propalado pelos arrependidos de última hora; aliás, já bastava o embaraço da redução orçamentada para 2024 ficar aquém da AD2024.

Nem mesmo a muito tímida mãozinha da Iniciativa Liberal foi suficiente.

Ingenuidade, má-fé, incompetência, infantilidade?

Já é tempo de o combate político ser sério, de forma adulta, transparente, pois o estado da arte não está para mais oportunismos, muito menos para enganados a posteriori.

Liderada pelo Chega, com o PS a ter dias – ora sim, ora talvez, ora não –, a oposição parlamentar já começou a perceber que está por um fio a golpada instrumental de “facilitar” um eventual orçamento rectificativo.

Facto: quem quiser derrubar o governo vai ter que dar a cara, avançar argumentos credíveis, às claras, sem desfaçatez, truques e embustes, desde logo no momento da apresentação do orçamento para 2025, ou nos anos seguintes.

Até lá, que tal um Alka-Seltzer?


segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

PEDRO NUNO SANTOS: DO TRUNFO AO FARDO


Ainda que obrigado à ruptura, pela indecente e má figura na gestão da TAP, entre outros dossiers, ter batido com a porta a António Costa era um trunfo ímpar.

A aceleração dos acontecimentos obrigou o novo secretário-geral do PS a deitá-lo fora prematuramente, pois teve avançar antes do tempo, estreitando a sua margem de manobra em relação ao centro político.

Apesar de recusar privilegiar as “contas certas”, qual “gauchiste” com convicções, nem tudo está perdido para o candidato a PM dos socialistas mais à esquerda.

Não obstante o cenário dantesco, em que terá de disputar as eleições de 10 de Março, o marketing encarregar-se-á de transformar o radical em moderado, o impulsivo em ponderado, o político incompetente em ex-governante com experiência.

O primeiro passo está dado, com o colinho dos Media: António Costa, que quase o liquidou politicamente, até está disponível para conselhos e para o ajudar na campanha, lado a lado, pasme-se, mesmo com uma investigação às costas.

É o primeiro passo para a repetição do passado que levou à eleição de José Sócrates, a não ser que os líderes da alternativa tenham aprendido a lição, assimilando que é preciso mais do que apontar erros.

É que o empobrecimento e os desastres no SNS, na escola, nos tribunais, nas PME’s e na prevenção da segurança podem voltar a não chegar, como ficou atestado com a última maioria absoluta do PS.

A mudança só será possível se os cidadãos tiverem a certeza que não correm o risco de ficar pior do que já estão.

Resta uma única dúvida: o secretário-geral do PS negará António Costa se estiver à beira de perder as eleições, ou carregará até ao fim o fardo que ajudou a criar nos últimos 8 anos, cavando a sua própria sepultura política?

Seja qual for a resposta, Pedro Nuno Santos é quem melhor serve a ambição de Luís Montenegro a chegar a São Bento.

 

 


segunda-feira, 10 de julho de 2023

D. AMÉRICO AGUIAR: POLÍTICA, COMUNICAÇÃO E NEGÓCIOS

 

À medida que o Papa Francisco se aproxima do fim, a Fé volta a vergar à diplomacia, aos interesses e aos negócios.

Desde a simpatia com Lula da Silva, quando os evangélicos somam fiéis no Brasil, ao ponto de já estarem taco-a-taco com os católicos, à recente indicação de D. Américo Aguiar para Bispo de Lisboa.

Afinal, quem é este membro da hierarquia da Igreja portuguesa?

Além de delfim do actual Patriarca, D. Manuel Clemente, que prometeu tanto quanto desiludiu, é o homem da política (autarca do PS em Matosinhos), da comunicação (Rádio Renascença) e dos negócios (Jornada Mundial da Juventude).

Nem a sua passagem pelos escuteiros e pela comissão diocesana de protecção de menores, dois pântanos da pedofilia na Igreja, atrapalharam a promoção do ambientalista com radicalismo quanto baste.

Nem a falta de um passado de evangelização e de acção pastoral de D. Américo Aguiar, em tempos tão difíceis, travaram o tradicional pragmatismo do Vaticano.

O próximo Patriarca português segue a linha do situacionismo da hierarquia da Igreja portuguesa, pontuado por um reaccionarismo oportunista, agora com um toque de modernidade assente na comunicação, no marketing e na atenção aos cofres do pilim.

Afinal, o Papa Francisco, no momento em que poderia ter dado um sinal de mudança em relação a uma hierarquia bafienta, cada vez mais silenciosa na defesa dos mais pobres, optou pela continuidade.

Nem os alarmantes sinais de distanciamento da juventude em relação à Igreja, não à Fé, foram suficientes para preparar a Igreja portuguesa para os desafios do século XXI.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

O NÓ NA REPÚBLICA


As 168 horas de audições, na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) à gestão política da TAP, representaram uma obscena falta de produtividade dos deputados.

Se o PS tentou até ao limite disfarçar os erros e desvarios governamentais, a oposição parlamentar também sucumbiu à tentação de os cavalgar partidariamente.

A “rolha” da maioria absoluta do PS, a ausência dos advogados, incluindo Stéphanie Silva, e dos responsáveis da agência Top Atlântico fazem duvidar da seriedade da busca pela verdade.

Fica ainda o travo amargo de inquiridos que se comportam na CPI como se estivessem num almoço entre amigos e ainda o mito de quantas mais dias e horas, mais qualidade dos trabalhos.

Só falta o relatório da responsabilidade Ana Paula Bernardo, deputada do PS.

Para já, valeu a pena?

Claro que sim, muita informação da TAP, que estava escondida em muitas gavetas, veio a público.

Todavia, outros abusos, como as despesas com viagens (TAP e Falcon do Estado), não podem arrastar o país para um permanente estado de inquérito parlamentar.

Depois de Marcelo Rebelo de Sousa no europeu de futebol de 2016, agora António Costa também foi à bola, na Hungria, aproveitando para uns abraços à pala dos contribuintes.

Isto para já não falar no “apagão” colectivo em relação aos custos das passeatas ao Catar para o Mundial de futebol.

Os três órgãos de soberania continuam a perder a cabeça com o futebol das alegrias e das tristezas da corrupção, branqueamento e agora do tráfico de seres humanos.

A impunidade institucional e a arrogância da maioria absoluta são de tal envergadura que até já nem se dão à canseira de respeitar a memória das vítimas de Pedrógão Grande.

Face a este padrão, o primeiro-ministro exibe indiferença em relação a quem critica que as escolhas para o seu gabinete e para o governo sejam manchadas por presumíveis suspeitos a contas com a Justiça.

Diante deste desvario colectivo, só uma equipa muito especial é capaz de desatar o nó da República.


segunda-feira, 29 de maio de 2023

DUAS BOAS NOTÍCIAS

 

Quando os políticos desatam a disparar grandes e eloquentes máximas, normalmente com ar inteligente e pose de Estado, o caso é sério.

É um sinal de esgotamento que só tem paralelo quando a propaganda recorre em desespero a entrevistas com criancinhas para passar recados.

Com uma crise social brutal, ainda escondida por debaixo do tapete do macro-económico, também é preocupante o reaparecimento de uma elite farta e cansada das notícias que espelham a realidade.

Mas nem tudo está perdido, há sempre razão para não deitar a toalha ao chão.

Duas boas notícias, emanadas de fora da órbita dos órgãos de soberania, passaram entre os pingos do nervosismo instalado.

A primeira é a realização de convenções com entidades privadas e sociais para realização de partos.

O bom senso de Fernando Araújo, CEO do SNS, venceu o fundamentalismo de António Costa, depois de tantas vidas perdidas, com Manuel Pizarro a assistir ao anunciado desastre do Verão.

A segunda é a decisão da Comissão de Avaliação de Segurança que considerou de "alto risco" para a segurança de redes e serviços 5G o uso de equipamentos de países fora da União Europeia (UE), NATO ou OCDE.

Mais uma vez, por força da posição da esmagadora maioria dos países, designadamente os da União Europeia, o primeiro-ministro lá teve de deixar a chinesa Huawei de fora.

Já não basta prometer investimentos no SNS que não são executados.

As preferências e cumplicidades pessoais e políticas também já não são suficientes para fintar tudo e todos, como revelou o resultado eleitoral espanhol.

Por maior esforço dos “trolhas do paraíso”, Portugal fica sempre a ganhar quando são impostos limites aos abusos e arbítrios da maioria absoluta do Partido Socialista.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

GOVERNO E PRESIDÊNCIA: DESMANDOS, DESVARIOS E ABUSOS


Os espectáculos degradantes em curso, designadamente os da TAP e dos serviços de informações, não apagam a desgovernação e o dia-a-dia cada vez mais difícil dos portugueses.

Na semana em que o caos no SNS fez mais uma vítima, em Portimão, desta vez um bebé de 11 meses, em que as greves na Saúde, Justiça, Educação e Segurança infernizam o cidadão, o país acordou com mais uma intervenção de Cavaco Silva.

Alguma imprensa por conta bem a pode ignorar, mas o contributo para denunciar a actual situação pantanosa foi de inigualável importância, aliás, reavivando as intervenções de Mário Soares.

É certo que o discurso não denunciou nada de novo, que já não tenha sido dito e redito, mas a verdade factual é sempre tão oportuna que abalou o periclitante governo de António Costa.

O que surpreendeu foi a escolha das palavras duras e cruas, inequivocamente adequadas à gravidade do momento.

Tão importante como desmontar a governação, assente em mentiras, truques e propaganda desenfreada, foi também o balanço sobre a Presidência.

A falta de autoridade de Marcelo Rebelo de Sousa é trágica no momento em que António Costa perdeu a mão nos seus ministros.

Aliás, criticar quem se arroga o direito de escolher e até preparar maiorias, que só podem ser determinadas pelo voto popular, é um inestimável serviço público.

Se o falhanço de António Costa já era evidente, até para os socialistas, agora ficou ainda mais clara a factura do branqueamento militante e do folclore popularucho de Marcelo Rebelo de Sousa.

É da mais elementar razoabilidade afirmar que a reeleição presidencial, em 2021, e a maioria absoluta alcançada pelo PS, em 2022, não são um cheque em branco para todos os desmandos, desvarios e abusos.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

O “NÃO INTERESSA NADA” É IRREPETÍVEL

 

O momento é gravíssimo, mas não é novo.

O atropelo, o abuso e o abastardamento das instituições fazem parte da cultura do PS no poder.

António Costa, antes como agora, é useiro e vezeiro na estratégia do truque, da mentira e da fuga às responsabilidades.

Com Marcelo Rebelo de Sousa, que não se pode comparar a Eanes, a Soares, a Sampaio e a Cavaco Silva, nem no estilo nem na autoridade institucional, está cozinhado o caldo para chegar ao actual desastre.

Se a montante “tudo como d’antes no quartel de Abrantes”, a jusante a fórmula política também se repete, impune e descaradamente.

Chama-se uns marketeiros, dos mercenários aos afins untados, aposta-se na desvalorização da gravidade dos acontecimentos e – eureka! – apregoam-se os “sucessos” mais ou menos martelados.

Repito: até aqui não há novidade.

A diferença está no que aconteceu nas três últimas eleições legislativas e no que pode vir a acontecer.

A 4 de Outubro de 2015, um golpe parlamentar, com cobertura constitucional, permitiu ao derrotado nas eleições chegar à liderança do Executivo.

A 6 de Outubro de 2019, uma maioria relativa permitiu consolidar a liderança, anunciando a morte da “geringonça”.

A 30 de Janeiro de 2022, face à implosão da aliança à esquerda, a liderança almejou atingir uma espectacular maioria absoluta, com a cumplicidade de Belém. 

Passados 13 meses, seja qual for a saída para a actual crise, a situação é bem diferente por seis razões.

A desgovernação, a corrupção e a falência do Estado Social e de Direito são brutais; os novos actores políticos travam a “estabilidade” do Bloco Central; o PRR está a gripar; as sondagens estão descredibilizadas; o fantasma à direita está esvaziado; e, por último, o controlo dos Media é contrabalançado pelas redes sociais.

Até agora a propaganda tem vencido, consolidando a tese que todas as vigarices políticas não interessem nada ao povo, definitivamente subjugado a tentar sobreviver.

Amanhã, na próxima semana, mês ou ano, com ou sem eleições antecipadas, até 11 de Outubro de 2026, uma coisa é certa: o “não interessa nada” é irrepetível.



 

segunda-feira, 24 de abril de 2023

VALE MAIS PARECER DO QUE GOVERNAR

 

Os sucessivos trambolhões da maioria socialista já não surpreendem.

As desequilibradas ameaças de dissolução também não.

Restam uma governação problemática e uma presidência à deriva.

Numa circunstância de incerteza, o país voltou ao ritmo da novela de ambições e disputas pessoais, minando a credibilidade do regime democrático e relegando as necessidades dos cidadãos para segundo plano.

Além do parecer fantasma da TAP, que canoniza as descaradas mentiras dos governantes, três outros exemplos comprovam o momento delirante e errático de António Costa.

A demora da regulamentação do sorteio dos juízes, agora prometida lá para o Verão.

A falha continuada na transposição da Directiva de Combate ao Branqueamento de Capitais, fortemente censurada pela Comissão Europeia.

Os atrasos na realização de juntas médicas que vergonhosamente suspendem o direito dos cidadãos aos respetivos apoios e prestações sociais a que têm legitimamente direito.

Dir-se-ia que estes são os expoentes da impunidade de quem governa pela força da maioria absoluta.

Nada mais errado, ainda falta esclarecer o resultado das investigações policiais que envolvem pelo menos três ministros e até o próprio primeiro-ministro.

Não é por acaso que o caos na Saúde, entre outros, já passou perfidamente para o segundo plano da agenda mediática.

Se a intervenção desastrosa de Marcelo Rebelo de Sousa tem adensado ainda mais a incerteza, o vale mais parecer do que governar continua a ser o mote dos “reles” do costume da República.

Uma única certeza: um pouco mais de um ano depois das eleições de 30 de Janeiro de 2022, que deram a maioria absoluta ao PS, na cabeça dos líderes partidários e dos cidadãos a campanha eleitoral já começou.

Agora, imaginem mais quatro anos de cheque em branco à governação ao ritmo da propaganda redobrada.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

DA GUERRA ENTRE FACÇÕES À DEFESA DOS CIDADÃOS


Moderados e radicais continuam a digladiar-se à esquerda.

Se os primeiros estão cada vez mais associados à corrupção, os segundos não escapam à avaliação de incompetência e inconsequência.

O espectáculo de desagregação do governo de António Costa e o desfiar fulminante de abusos e corrupção reflectem esplendorosamente esta guerra no silêncio dos corredores.

À intimidade dos moderados com as negociatas, do agrado de alguns patrões, é contraposto o balanço negativo nas áreas tuteladas pelos radicais, com mais ou menos “portuguesa” à mistura.

É a factura da queda “geringonça”.

É a separação das águas, consumada com a demissão de Pedro Nuno Santos.

É a contestação na rua, como tão bem ilustrou a gigantesca manifestação dos professores associados ao STOP.

O mais grave é que o país não aguenta mais quatro anos desta luta fratricida, sobretudo com a “varinha” entre as mãos de Marcelo Rebelo de Sousa.

Neste panorama, não admira a estagnação do maior partido da oposição e o ajuste admirável de Luís Montenegro.

Nem tão-pouco estranha que o país real assista, mais ou menos conformado, à repartição do palco da corrupção entre PS e PSD.

A hesitação dos dois maiores partidos em relação à polémica das portagens apenas confirmou a responsabilidade partilhada que quase levou a mais um assalto fiscal.

Para já, o Chega e a Iniciativa Liberal são as novidades após a maioria absoluta do PS.

André Ventura, sempre aguerrido, confirma um registo mais civilizado, mais atento aos problemas reais do dia-a-dia.

Por sua vez, o partido ainda liderado por João Cotrim Figueiredo, com o prémio de uma sucessão auspiciosa, continua a fazer a diferença pela positiva.

O fim do esbulho relativo às portagens, liderado por Carlos Guimarães Pinto, é um notável exemplo de uma promissora atenção e defesa dos cidadãos.


segunda-feira, 19 de setembro de 2022

“ENGANADOS” DA REPÚBLICA

 

As últimas declarações do primeiro-ministro e de alguns ministros revelam o cúmulo político da insensibilidade, do desnorte e da arrogância.

O acumular de dívida pública, que serviu para financiar desvarios e clientelas, permitindo a consolidação do PS no poder, tem um elevado preço que está à vista.

No momento em que o Estado tem a obrigação de apoiar os mais pobres, as famílias e as empresas, o ilusionismo não é suficiente para desatar as mãos e os pés do governo.

Não surpreende, portanto, mais de 2,3 milhões de pessoas a viverem abaixo do limiar de pobreza.

Nem as sagradas pensões de miséria escapam às “contas certas” de quem já nem consegue maquilhar a realidade com mais anúncios e promessas.

Os efeitos da pandemia e da Guerra na Europa não afectaram única e exclusivamente Portugal.

Os últimos sete anos, de reformas adiadas e de espúrias guerras ideológicas, foram uma oportunidade perdida que condenou o país a mais décadas de sacrifícios.

Os responsáveis não são apenas aqueles que governaram a partir de São Bento e demais ministérios.

Do futebol ao #todosjuntos, dos melhores do Mundo a Tancos, dos sem-abrigo à conivência com os corruptos, não podemos esquecer quem mais branqueou e ajudou à propaganda descarada.

Nos próximos tempos não vão faltar os “enganados” da República, uma conhecida espécie de ratos desmemoriados sempre prontos a saltar do barco à beira do naufrágio.

Aliás, ninguém estranhou que o presidente tenha vindo a terreiro avisar publicamente que a partir de agora é melhor antecipar e falar verdade.

É o princípio do fim da governação ao jeito de António Costa, depois de anos de folclore e selfies que vão custar os olhos da cara aos portugueses.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

A GRANDE ILUSÃO

 

A hecatombe do Bloco de Esquerda e do PCP e a explosão do Chega e da Iniciativa Liberal atiraram o país para as mãos de uma governação que havia manifestamente falhado.

Agora, sem a desculpa dos empecilhos à esquerda, com a direita ainda mais radicalizada e varrida a importância de Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa vai enfrentar a sua própria aventura.

E se o receio lhe deu a vitória, a realidade obrigá-lo-á a subir penosamente o Gólgota, tais são os erros do passado e os riscos que estão no horizonte.

O medo também foi vencedor das eleições legislativas antecipadas.

A maioria absoluta do PS foi o refúgio que os portugueses consideraram mais seguro no actual tempo de crise excepcional.

O PSD não foi capaz de entender que a hora era de dar mais segurança, deixando-se embalar pela sereia do Bloco Central e por sondagens cuja credibilidade definitivamente morreu.

Rui Rio estava teimosamente preparado para o país, mas os portugueses ainda não estão confiantes numa mudança sustentada em mais rigor.

O caos na Justiça, Saúde e Educação não foram suficientes para mudar, pois a alternativa ancorada em mais exigência foi percepcionada como um risco insuportável.

Mais demérito do PSD do que mérito do PS.

O povo português entendeu colectivamente que devia dar mais uma oportunidade a António Costa.

Fê-lo expressivamente, fazendo baixar a abstenção.

«O povo votou, o PS ganhou».

Foi assim que António Costa sintetizou a maioria absoluta do PS.

Só resta saber se a grande ilusão manterá os mesmos protagonistas e a estabilidade política e social durante quatro anos face à oposição dura e crua do Chega e da Iniciativa Liberal.




segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A ÚLTIMA OPORTUNIDADE


O país apresentado na comunicação social vai de feição.

Com a aproximação das eleições autárquicas, vale tudo no horizonte político e mediático.

Até estamos, pasme-se, mais seguros, com menos desemprego e o SNS está a conseguir o que nunca atingiu antes e durante a pandemia.

E ninguém põe cobro a esta ficção, nem o presidente às cambalhotas, nem o líder do maior partido da oposição em estado político pré-comatoso.

Ainda a braços com a Covid, os portugueses querem acreditar no canto da velha e anafada sereia socialista.

E para aqueles que ainda não viram a luz, António Costa recorda, sem se desmanchar a rir: «prometer pouco e cumprir muito».

A descodificação dos truques de António Costa, aqui e ali, não perturba a movida socialista.

António Costa está jogar tudo no acto eleitoral de 26 de Setembro, porque é a última oportunidade no caminho para a maioria absoluta.

A vitória dos candidatos do PS deixariam o Bloco de Esquerda e o PCP ainda em piores lençóis, sem contar com a abstenção do PSD ou do CDS/PP como saída de emergência de mais um orçamento.

Nem mesmo as juras presidenciais – valem o que valem! – colocam o país a salvo do El Dorado cor-de-rosa que está mesmo aí ao virar da esquina.

Na conjuntura dada a todas as fantasias, o paraíso do dinheiro a rodos da bazuca, com ordem para gastar desenfreadamente como se não houvesse amanhã, atira o PS para o zénite.

Com os previsíveis tumultos no seio dos social-democratas, a curto prazo, António Costa já tem um pé na margem do Nirvana.

Na rodagem em curso, o embalo dos socialistas é tal que importa recordar Cavaco Silva a vergar a 26 de Novembro de 2015.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

COSTA E O RESTO


O lembrete a Marcelo Rebelo de Sousa e a filiação de Marta Temido foram os factos políticos mais importantes do XXIII congresso do PS.

O atrevimento político de António Costa – em ambos os casos – tem um significado que ultrapassa o presente.

No primeiro, é um exercício de poder e a tentativa para salvar a Presidência da República, reflectindo as vozes que já não levam o presidente a sério, que de tanto branquear tem menos espaço para cambalhotas.

No segundo, armadilhar o caminho de quem possa ter a leviandade de atrapalhar o momento que mais lhe convier para definir o seu futuro político e pessoal.

António Costa pensa primeiro em si e depois no país, indiferente às ondas de choque de mais um tabu.

Além destas duas questões, a reunião magna dos socialistas foi de uma pobreza confrangedora, continuando a costumeira confusão entre o Estado e o partido.

Ana Gomes, que continua a tentar puxar pelo melhor do PS, fez falta.

Não tardará muito para circular, nos canais do costume, num ou em mais episódios que ou o PS alcança a maioria absoluta ou António Costa põe-se ao fresco.

As promessas anunciadas, outra vez, agora em relação à pobreza infantil, passados seis anos de governação, dizem tudo do clima de impunidade política.

Tal e qual como o discurso triunfal em relação à participação militar portuguesa no Afeganistão.

No momento do balanço, mesmo que delirante, o presidente e o governo não têm uma justificação, nem uma palavra sobre o custo da aventura que culmina em desumanidade e ignomínia políticas.

Os tiques bafientos, que fazem recordar as laudatórias do antigo regime, continuam a fazer parte das conivências pardas e das indiferenças úteis que, aliás, já nos conduziram à Troika.

A dimensão do vazio ficou ainda mais vincada com as referências ao combate à corrupção e ao acidente que envolveu o carro de Eduardo Cabrita, ambas soando a vitupério.

Rui Rio, ainda líder do PSD, apesar de o despertar tardio, continua teimosamente incapaz de perceber a razão pela qual não mobiliza os portugueses.

Bloco e PCP, sempre alerta, estão metidos numa camisa-de-onze-varas.

É Costa e o resto.

Ao nível do momento, rumo à vitória, no partido do chefe, no país adormecido pelo pântano, com a sociedade anestesiada pela pandemia e bazuca, a gracilidade final: “Nessun dorma”.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

CUL-DE-SAC


Se relermos as notícias de 2001 somos levados a concluir que estamos em 2021, ou vice-versa. 

Há 20 anos era a corrupção, a impunidade, o nepotismo, a falta de longo prazo, tal como hoje, com a diferença que a Covid acelerou a percepção dos cidadãos

A demissão de António Guterres certamente não se repetirá com António Costa, mas o pântano nunca foi tão fácil de enxergar como agora.

Até a alternativa a Guterres – Durão Barroso –, confirmada em 2002, gerava então tanto entusiasmo como a possibilidade de Rui Rio suceder ao actual primeiro-ministro.

Dez anos depois, com Passos Coelho, os portugueses ainda acreditaram que a mudança era possível com a troca do líder, sem transformar o país.

Ora, PS e PSD continuam iguais ao que sempre foram, para desgraça dos portugueses.

Duas alterações vieram cavar ainda mais o abismo.

A primeira pode resumir-se à banalização de Belém a partir de 2016, caindo a tradição da Presidência ser a última referência, para o bem ou para o mal.

Actualmente, tudo mudou com o brutal branqueamento presidencial ao serviço de António Costa e do regime de opacidades.

A segunda também está à vista: o fenómeno do Chega.

Depois de engolida a Esquerda mais radical, a táctica rasteira de engordar a Direita mais extremista continua a avançar.

Nem mesmo a consolidação da dinastia Le Pen e a irrelevância do PS francês bastaram para demover o cinismo político em curso.

Em 2015, António Costa conseguiu dissolver o azeite na água, abastardando a tradição parlamentar, com os resultados que enfrentamos no presente.

E se, em 2023, Rui Rio, ou qualquer outro líder do PSD, seguir a mesma fórmula oportunista, então as consequências são imprevisíveis.

No início do século escolhemos o mal menor, sem entusiasmo e convicção, por falta de cidadania e porque o país não tinha nada de diferente para oferecer.

Em 2023, ou antes, se a fuga para Bruxelas de 2004 se repetir, a mesma falta de cidadania, a mesma opção sem futuro, pode obrigar a outras tantas décadas perdidas.

Se não mudarmos, se o país não mudar a tempo, voltaremos a enveredar por becos sem saída (cul-de-sac).


segunda-feira, 21 de junho de 2021

PARAR, PENSAR E... CONTINUAR A FAZER DE CONTA


A erosão provocada pelo poder deveria ser um dos motores da mudança.

Mas para a alternativa vingar é preciso muito mais do que erros acumulados pelo poder e o cumprimento de um calendário eleitoral: são necessárias propostas competentes, mobilizadoras e coerentes.

É evidente o desgaste do governo, mas continua a faltar o resto.

Vale a pena recordar a recente intervenção de Manuel Costa Andrade em que acusou Lucília Gago, procuradora-geral da República, de «agente encoberto à revelia da Constituição».

As palavras do juiz mais político de Portugal podiam ter sido o combustível necessário para a oposição explodir de credibilidade junto dos eleitores.

Mas no mesmo discurso, o jurista lembrou também os perigos das propostas dos partidos na luta contra a corrupção.

De uma penada, ficaram à vista os problemas, mas também a falta de uma alternativa credível.

Como se não bastasse, passados uns dias, os juízes (ASJP) arrasaram o que restava da contribuição do PS e do PSD.

Num momento em que de António Costa já se espera pouco ou nada e são cada vez menos aqueles que levam Marcelo Rebelo de Sousa a sério, Rui Rio sai em maus lençóis para almejar liderar uma alternativa.

Quando os dois maiores partidos se concertam para simular uma espécie de legislação que pode acabar por resultar numa cobertura aos corruptos também pouco ou nada se pode esperar da alternativa.

Para manter o poder ou para assumir a liderança de uma alternativa é preciso muito mais do que parar, pensar e... continuar a fazer de conta.

Por isso arrastam-se durante décadas estrangulamentos nos mais diversos sectores decisivos para o desenvolvimento, acumulando-se erros e compadrios dignos de gente mesquinha e incompetente que assaltou o país há muito tempo.

A culpa não é só dos boys também é dos líderes que não sobreviveriam sem eles.

O espectáculo de Fernando Medina é apenas mais um exemplo tão lamentável quanto as críticas justas de Rui Rio à recandidatura de Rui Moreira que caem por terra por causa do caso Silvano, deixando mais um enorme vazio à mercê de todos os radicalismos.

Os protagonistas são o que são, mas muito pior é a falta de cultura de exigência e escrutínio capaz de alavancar a mudança.


segunda-feira, 31 de maio de 2021

RIO ACIMA, RIO ABAIXO


Carregando um partido com de décadas de poder, corrupção e nepotismo, Rui Rio sabe que tem pouco para enfrentar António Costa e ainda menos para oferecer na actual conjuntura.

Nos próximos anos, o país vai continuar a sobreviver à custa da caridade, em versão de solidariedade europeia, e o povo não se importa com isso, muito pelo contrário, até se sente confortável com mais Estado e menos cidadania.

Rio já percebeu que não se pode passar do inferno ao céu num par de anos, enquanto Pedro Passos Coelho não o percebeu quando foi primeiro-ministro – e ainda não o consegue perceber.

A estratégia do PSD tem sido, logicamente, estancar as perdas do partido e tentar uma colagem ao poder que lhe permita garantir algumas migalhas e ao mesmo tempo iniciar algumas reformas.

 Chama-lhe "centro"...

Ora, se é verdade que os "EuroBonds" e a "Bazuca" são "milagres" inesperados também não é menos verdade que não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.

O que resta?

Usar André Ventura para dizer o que o PSD não pode nem tem autoridade para afirmar, como ocorreu no congresso do Chega, ou seja, usá-lo como um catalisador de protesto para ensaiar um discurso de mudança.

É o jogo possível, mas perigoso, porque o agitar o fantasma do fascismo ainda consegue atormentar quem o viveu na carne e no osso.

É a única alternativa?

O líder do (ainda) maior partido da oposição bem pode ter que navegar rio acima, rio abaixo, e até pode ter razão na estratégia, mas passividade, seriedade e honestidade não têm casado com a conquista do poder.

E o grande desafio, que está longe de estar cumprido, é convencer os portugueses que se ganhar as eleições não vai condená-los a mais miséria para cumprir as metas da União Europeia.

O que falta?

A paciência – de que Rio não se pode gabar –, uma "qualidade" com que António Costa carrega e descarrega o Bloco e o PCP à medida dos interesses do PS.

A união do PSD à volta do líder e de um projecto concreto e claro de futuro.

Tempo, mais tempo, de que não dispõe.

Por isso está cada vez mais acantonado.

Em 1997, Rui Rio bateu com a porta a Marcelo.

Agora, tem pela frente a mesma muralha que o derrubou há quase 25 anos, com o primeiro-ministro a manter o poder pelo poder e o presidente que se basta com o fazer de conta e a popularidade fácil.

Vai voltar a bater com a porta?


quinta-feira, 27 de julho de 2017

OPERAÇÃO MARQUÊS: E O PS?


Mais de quatro anos depois do início formal da intitulada Operação Marquês, que levou à detenção e prisão preventiva de José Sócrates e já constituiu 30 arguidos, não há notícia que o Ministério Público esteja a investigar os cofres do Partido Socialista ou de quaisquer outros partidos políticos portugueses.

No contexto da vida política portuguesa, ninguém ficaria chocado se as investigações começassem por ter sido centradas nas contas do partido que Sócrates liderou.

Mas, para já, nem notícia, nem rumor, nem debate, nem exigência, nem nada.

Por que será?

Por que razão misteriosa, face a todos os indícios e suspeitas que têm vindo a público, com mais ou menos citação de peças processuais, e mais ou menos rigor jornalístico, nunca ninguém se atreveu a questionar a evidência: com tanto roubo de dinheiros públicos, tanta negociata, tanta corrupção, tanta comissão, tanta lavagem de dinheiro, então não terá sobrado nada para o partido do coração de Sócrates?

E com tanta ligação transversal, característica do Bloco Central, também não terá sobrado nem uma migalha para outros partidos políticos, sobretudo aqueles que têm representação na Assembleia da República?

O silêncio sobre esta questão tem sido de chumbo, revelando uma reverência muito especial, quiçá, um carinho ternurento e protector, em relação aos partidos políticos.

Em bom rigor, apenas Nuno Garoupa, na apresentação do livro "Os Três Magníficos", de Rui Verde, na Fnac Chiado, no passado dia 30 de Maio de 2016, ousou abordar esta questão de uma forma competente, descomprometida e cristalina, sem insinuações, mas com o rigor e a força dos exemplos passados na Europa e por esse mundo fora.

E não faltam exemplos, da esquerda à direita, desde Lula da Silva (PT - Partidos dos Trabalhadores) a Helmut Khol (CDU - União Democrata Cristã), sem esquecer o escândalo mesmo aqui ao lado, em Espanha, com José María Aznar e Mariano Rajoy (PP - Partido Popular).

O padrão não pode ser mais gritante: sempre que houve políticos, que ocuparam os mais altos cargos de Estado, envolvidos em casos de corrupção, então as investigações chegaram sempre aos cofres dos seus partidos políticos.

Em Portugal, por ora, tudo parece ser diferente.

Os banqueiros e os bancos já não escapam; nem os grandes empresários e as maiores empresas; nem mesmo os juízes e os procuradores.

Mas os partidos políticos...

A Justiça tem permitido a consolidação de uma cultura de impunidade no funcionamento dos partidos políticos, como comprova o "escrutínio" das suas contas e finanças, ano após ano, eleição após eleição.

Com a aproximação de mais uma data limite para a conclusão do inquérito criminal, resultante da "Operação Marquês", será que o país ainda vai ter uma enorme surpresa?

A Democracia nunca será uma verdadeira Democracia enquanto existir a percepção que os partidos políticos são uma espécie de coutada à parte.